sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Vermelho





Tirei um pouquinho de sangue
E tingi o meu cabelo
Pra ver se mostrava vestígios
Que denunciasse desejo
Desejo esse que invade
E percorre o corpo inteiro
Pra saciar essa vontade
Só com um pouquinho de vermelho.
Usei-o em minha boca
Pra poder te dar um beijo
Alastrou-se por minhas unhas
E nos olhos virou lampejo
Foi paixão que bateu forte
Sentimento comum e alheio
Se fosse amor teria sorte
Pois não seria tão vermelho
Poderia ser desbotado
Que ainda não seria feio
Ao invés de ser alado
Teria um aconchego
Queria o carinho de um abraço apertado
Do que a paixão de um beijo
Um mimo de rosa claro
Do que um vulcão de vermelho
Em meu peito...



 Thaís Rigueira

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Humana

Seus olhos abriram pela manhã sem que fizesse esforço algum, a noite havia sido bastante fria e ao invés de lhe dar aconchego, o frio lhe provocava arrepios de culpa. Levantou como de costume, fez tudo de acordo com sua rotina matinal, apenas saiu um pouco mais cedo e o Sol calmo da manhã presenciou seus passos perdidos costurando as calçadas. Queria andar, andar e andar... apenas isso, se perder um pouco para ver alguma posibilidade de se encontrar. Não tinha mais idade para isso, mas sentia-se perdida dentro do seu minúsculo ser, que agora parecia tão vasto... Não sabia nem o que pensar a respeito de si mesma.

- “Não se culpe, você é humana, apenas isso.”

Procurou algum conforto em ser humana e possuir mil defeitos, mas ainda sim, nada feito. Continuava com mesma tristeza que tornou seu sono trivial, com seus pensamentos inconscientemente pesados, queria arrancá-los dá sua cabeça... Doía demais, entretanto era um dor particular, a qual só mesmo ela teria que senti-la e carregá-la.

- “Não se culpe, você é humana, apenas isso.”

O dia se seguiu, conseguiu distração na sua rotina, até riu um pouco... Nossa, percebeu que conseguiu a façanha de enganar sua própria tristeza... que mais faltaria fazer para completar seu quadro de aversão própria?

Quando a noite chegou, se enrolou em seu lençol como um casulo e esperou o Sol nascer para ver novamente seus passos perdidos nas calçadas.

- “Não se culpe, você é humana, apenas isso.”

E ainda com tais palavras, viu que era mesmo uma humana... humana que machucava... humana que sofria.

Humana... Conformismo vão!